Arranca-te de mim

Eu não queria, sequer imaginava, mas eu vi, estava ali, todo abusado, nem o conhecia e já me pedia algo emprestado. Achei um “então” sem noção, mas depois fui amaciando, flexibilizando, me deixando levar até onde o estopim estourou, e hoje, já não sei se foi bom ou ruim ter “aquela” pele sobre a minha. É difícil eu gostar. É difícil encontrar alguém interessante, e veja bem, não é arrogância, mas acho que é muita vida vivida, e para sugar meu coração há de ralar. E olha que eu não quero muito, apenas alguém que me dê liberdade para fazer tudo o que quero, sem ter que dar explicação ou coisa outra qualquer, alguém que sempre esteja disponível quando eu precisar, alguém que tenha a sua casa e eu a minha... isso é muito? Enfim, entre recados idos e vindos, fui perdendo meu senso de lucidez, e aos poucos me deixando levar por aqueles morenos olhos. Alguns dias eu nem queria sair, mas era convencida por aquele olhar, há muito tempo não saia direto por uma semana, e nessa, estava tão empolgada e disposta, bem como rica também, (quando me apaixono e bebo uns drinks a mais, viro milionária). Entre a culpa e o desejo, o desejo vencia, teu rosto colado no meu, deixando sinais enquanto me embriagava com teu cheiro gostoso, no mesmo momento que me atormentava a cabeça sabendo que você não seria meu por inteiro. Eu não queria, o que na verdade era o que eu mais queria, mas não podia... eu afastava teu rosto, trancava meu olfato e apenas deixava o ritmo da dança nos conduzir. Comprou briga, eu sei! Fiquei com ódio e jurei a mim mesma que se não fosse, não me veria mais. Mas ele foi, foi ainda mais lindo, foi ainda mais cheiroso, e eu, ainda mais alucinada. Porém, quando se faz algo errado, uma hora a bomba estoura, e num momento de variação e pressão, perdeu-se a calma e revelou-se tudo. MORRI!!! Nesse momento, fiquei com ódio e queria matar, mas preferi ficar quietinha na minha e sair de fininho. Não entendi. Só que o pior, é que o ódio passou e a vontade daqueles olhos voltaram, bem como o rosto colado e o curto momento da pele sobre a pele, o cheiro ainda arde no meu olfato, minha perna não esquece o toque das suas mãos, minha boca, procura a timidez da tua atitude, e meu pensar não desiste de te tirar da minha cabeça. Então, por favor, arranca-te de mim ou se faz de mim por inteiro.