Praga de ex

Será que praga de ex-pega? Credo, espero que não, pois se pegar, já estou me vendo aos oitenta anos, sentada numa praia olhando o pôr do sol sozinha, admirando os velhinhos de mãos dadas passeando e ao seu redor, com dúzias de netos correndo por todos os lados, e eu ali, sozinha, eu e minha caipirinha de limão, ainda sozinhas, admirando o sol que nunca se põe (raiva de ter me proposto a vê-lo partir, mas não ter paciência para esperá-lo) e enquanto isso, todas essas pessoas felizes próximas a mim, e eu sozinha... eu e minha caipirinha...
Claro que ele falou e eu não dei bola, apenas ri quando disse “...Débora Alves, você é louca, vai nunca vai casar e ainda vai morrer sozinha...”, não sei se foi uma tentativa de me denegrir por eu ter tomada a iniciativa ou se realmente ele pensa assim. Na hora não me chocou, mas quando comecei a lembrar do que outros me disseram, comecei a ficar com medo, todos, sem exceção, mas todos que eu educadamente ou grosseiramente mandei embora, me falaram a mesma coisa, ou seja, não sou para casar, nasci para ser sozinha.
Estou tentando manter a calma, mas que isso ficou latejando no meu cérebro ficou. Como será não ter família, não deixar nem uma sementinha, não ter com quem brigar, não ter que mandar dormir no sofá porque está bêbado ou roncando demais, não ter ninguém para ajudar nos afazeres domésticos ou faze-los sozinho, para mandar calar a boca enquanto a melhor cena da tua novela preferida esta no ar, para mandar esfregar os azulejos do banheiro, para “pedir” que faça tua comida predileta, pedir que massageie teus pés, que mexa nos teus cabelos, que tire as sementes do pedaço de melancia...enfim, alguém que esteja ali, acompanhando teus passos e satisfazendo teu ego...
Alguém.
É, preciso correr, vou comprar passagens para ver um ex...Não, ele não me disse nada, muito menos que namorava outra enquanto dormia comigo...foi ele que me deu um pé na bunda...
Tudo bem, já superei. Abaixo o orgulho e não a solidão!!!

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