ENGENHEIRO DE PESCA

Parece coisa do outro mundo, lindo, esplêndido, fantástico, que homem mais escultural, que homem viril, que homem...homem.
Quando eu o vi, quase tive um colapso, nossa, que homem lindo, cabelos volumosos, olhos verdes, um tom de pele afrodisíaco, e ainda por cima estava olhando para mim, não podia acreditar. Mas ele estava, e não demorou muito para vir falar comigo. Quase desmaiei. Consegui me conter.
A minha primeira palavra resposta, depois de muito gaguejar, e o sangue subir e a garganta tremer e o coração disparar, e eu ali, tentando disparar palavras que insistiam em não sair,e ele, com todo seu galanteio e paciência, foi me acalmando, e eu consegui dizer oooii. Que mico! Acho que não ando bem mesmo, já fui melhor aos vinte.
De fato, de perto, ele era ainda mais bonito, mas o que mais me chamou a atenção, é que além de bonito, era inteligente, estudava engenharia de pesca, sempre viajava para , Fernando de Noronha, tinha um carrão do ano e ainda interessado em mim. Não pensei duas vezes, logo fui o convidando para sair dali, pegar um cinema um teatro, e depois, talvez, esticar nossa noite.
Foi exatamente o que aconteceu, pegamos um cinema, e depois o convidei para ir para minha casa, porém, eu tinha acabado de mudar e dormia num colchonete, não que eu ligue para isso, mas não ia ser nada confortável, se para uma pessoa, o colchonete já não é suficiente, imagina para duas...
Enfim, fomos. Minha cabeça não parava de triturar, pois eu queria mais que apenas uns beijos ou um olho no olho, queria mais... Foi então, que tive uma idéia, ousada, mas, tinha certeza que daria certo.
Chegando em casa, corri para o quarto do meu amigo e pedi seu colchão emprestado, era o único da casa, de solteiro, mas um tanto quanto mais espesso que meu colchonete, e meu querido divisor de teto, sem relutar, concedeu-me. Se fosse eu, não o faria, além de não emprestar, ainda mandaria parar de fazer barulho. Ainda bem que existem amigos anjos.
A noite foi perfeita, parecia que fomos feitos um para o outro, acho que me apaixonei... Ele era completo, majestoso, tinha a pegada, sabe, a pegaaaaaaaaaada, resumindo, era perfeito.
Mas como nem tudo que reluz é ouro, comigo não podia ser diferente, depois de uma noite dos deuses, nos despedimos e combinamos de reencontrarmos em breve. Passou-se alguns dias e por uma coincidência feliz (hoje digo isso, mas no dia queria morrer), descubro, através do próprio amigo que emprestou-me o colchão, que o meu “homem perfeito”, não passava de uma mentira deslavada. Que ódio!!! Se eu o visse naquele dia, tenho certeza que lhe arrancaria um pedaço.

Eu não sabia que engenharia de pesca era sinônimo de pintor de tela, que viagens constantes a Fernando de Noronha, eram sinônimo de apenas uma viagem para lá a trabalho de garçom num cruzeiro, e que o carrão era sinônimo de empréstimo do seu amigo. Ah, e quanto à inteligência, nenhuma, e de ambos os lados. Que raiva, como pude ser tão ingênua, que idiotice, que babaca, nossa, e o pior, que não tem nem como negar, porque minha empolgação floresceu em dois minutos depois que conheci esse cara, e todos os meus amigos perceberam minha motivação e minha ingenuidade também, mas mesmo assim me deram corda.
Foi horrível, e além de descobrir que todos os adjetivos materiais eram falsos, dei-me conta que ele nem era tão bom assim, a pegada que me referia anteriormente, era mentira, na verdade, seria um combinação perfeita de (materiais para matar minhas amigas de inveja) e por último,percebi, que só a fórmula (dinheiro+ beleza) faz uma pegada melhor.