Amor da vida e para vida.

Semanalmente eu recebia flores. Do nada, minha mesa se perfumava e florava, e muitas vezes acompanhada com bombons. Eu adoro, flores são a descrição do amor em coisas, é a linguagem do coração e o acalento da alma, quem não gosta, não é mesmo? Mas chocolates, há chocolates, me admira quem diz não gostar, porque se flores são o acalento da alma, chocolate é o acalento do coração, do desejo e do prazer, chocolate é energia, chocolate é pulsação. Mas sim, embora por vezes o chocolate chegasse junto aos buques, raramente eles ficavam. Ele é apaixonado por ela por anos, desde a adolescência ele já a amava sem saber. Anos depois descobriu-se ser ela a dona dos seus pensamentos, ela, a menina que semanalmente recebia flores e chocolates...As flores ficavam na minha mesa, os chocolates, ela comia. As flores ela não podia levar para casa, os chocolates, ela dividia. O amor tardio chegou, e mesmo ele sendo casado e filhos a tiracolo, não impediu de declarar-se mesmo tanto tempo depois. Ela era o amor da sua vida. Ele era seu amigo de infância, seu vizinho de porta, seu confidente na adolescência. O amor tardio revelou-se anos depois de ambos estarem casados, ele; no seu primeiro casamento, ela; já no seu segundo, ele; atormentado e suplico por uma chance, ela; feroz na sua convicção, mas sempre deixando a porta semiaberta, ele; esperançoso, ela; colecionadora de bombons... Ela não queria, mas não deixava, ele não podia, mas queria, ela bastava, mas não colocava um ponto final, ele acreditava em finais felizes... Ele acredita que um dia ela será dele. Ela diz que não. Eu não sei. As cartas, flores, chocolates são constantes na sua vida. Quem não quer não alimenta, ou alimenta? Se fosse eu alimentaria, pois são os pequenos gestos que se transformam em amor, são gestos e ações que nos fazem admirar e nos apaixonar por alguém, são flores, são chocolates e cartas redigidas manualmente que me fazem olhar com outros olhos para tais admiradores. Eu acredito nisso, e queria eu, receber flores semanalmente, recebê-las nominalmente e não por desprezo. Porque ela não aceita? Porque ela não pode. Não que ela não goste, ela gosta, mas ela não pode demonstrar, nem mesmo aparentar. Ela precisa ser difícil, mas doce nos seus agradecimentos, ela precisa dizer não, mas o não é com reticências, ela precisar dar um basta, mas basta uma chamada de vídeo... Ou seja, a gente pode ter a mor da vida no nosso lado (não que seja meu caso), mas não podemos dispensar os amores para vida que nos rondam. Não saberemos se esse amor de adolescência poderá tornar-se o amor para vida, só podemos ter certeza se vivermos e como viver se já vivemos com o amor da vida? Ah, mas como é difícil o amor, alguns com tanto, outros sem nada. Amores reais, carnais, banais, mas amores, amores vividos, amores híbridos, amores sentidos e concluídos. Amor por correspondência alimenta o ego, mas não enche o coração. Amor real, e aquele que está do teu lado, mesmo não sendo perfeito, mesmo que moldado por anos a fio, é esse amor que alimenta e que acalenta teu ego. É esse amor com flor ou sem flor, com chocolate ou sem chocolate que deves honrar. Se bem que se fosse eu... adoro um desafio... se ia me dar bem? Não sei, mas também se eu não tentasse, não saberia. Amores é para serem vividos, sejam da vida ou para vida!

Comentários

Anônimo disse…
Simplesmente perfeito demais 🫶🏼
Anônimo disse…
O amor para vida é complicado, porque se vive em uma eterna expectativa, mas com um certo medo do e se. As vezes me pego pensando e se as minhas ações tivessem sido diferentes, será que eu estaria ao lado dessa pessoa?
Essa resposta não serei capaz de responder, pois não fui capaz de tal atitude.
Anônimo disse…
E se... Você pudesse voltar no tempo, faria direfrente?
Anônimo disse…
Se eu tivesse o poder de voltar no tempo, voltaria, mas acho que me perderia tentando corrigir. Prefiro me conformar, talvez eu não fosse a cara metade dela.
Anônimo disse…
Que texto lindo e profundo… “E se…”

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