A vida como ela é
Não tem como descrever o sentimento do ser humano, não tem como definir os conflitos existentes dentro de cada eu, não tem como definir o meu auto senso de gosto puro. Ontem, balada com as amigas, caipirinha de vinho e tônica para fechar a noite, enquanto elas, minhas amigas, debulharam-se sob latinhas e latinhas de cerveja.
Era samba. Na verdade, praticamente pagode enrustido, mas é mais bonito dizer que era “Samba de Raiz”, é mais valorizado na cultura brasileira. E estava bom, comecei sambando muito e fui esvaindo de acordo com o cansaço das minhas pernas e meus pensamentos que se aterrorizavam com aquelas pessoas diferentes e estranhas, mas que não se cabiam em si de tanta felicidade. E o samba rolava solto, no salto da mulata, no rebolado dos estrangeiros nas tentativas de remexo para quem não sabia. Era mágico, era único e era consumidor.
Lá pelo meio da festa, vou para o lado de fora, sento numa mureta baixa e ficamos, eu e meu celular nos conectando com as fábulas do mundo tecnológico, sem perceber quem andava ou nos observava ao redor.
De repente, uma figura estranha, denominada por mim “engraçado”, chega de mansinho, fala tanta coisa esquisita, abre um sorriso lindo e me encanta com o monte de parafernálias que me dizia. Gostei da autenticidade, gostei da exclusividade. Fisicamente era o oposto e tinha tudo aquilo que não gosto em alguém para beijar, mas seu breve e malicioso sorriso desmanchou esse meu pré conceito e cai nos encantos do “mágico”, como ele mesmo se auto definiu.
Logo me chamou para subir e dançar, tentei resistir, dando desculpas que estava com minhas amigas e logo iria embora. Mas ele fora insistente, persuasivo e charmoso. Não resisti e confesso, seus passos, me transformaram na maior “globeleza” do local e ali mesmo, deixei cair por terra, tudo o que eu não queria em alguém e me permiti deliciar-me em sua boca e alimentar-se de seus olhos.
Eu já não sabia se dançava, apertava, beijava ou olhava. Eu não era eu, eu era a essência pura do meu outro eu. Ele adivinhou meu signo e falou coisas de filosofia, dinheiro, arte, vida e sexo. Eu escutei tudo e pouco falei. Chamei minhas amigas, dei o último beijo, entramos no carro e deixei-o partir, ele e sua “magrela”.
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