Purificação, chope e malas.
Eu queria meu namorado junto, mas ele, ultimamente está com tantas coisas a fazer que o que menos ele pode, é ficar do meu lado. Ainda bem que meus amigos sempre estão por volta, e hoje, para variar, aconteceram coisas não muito normais, mas enfim..
Fui para uma consulta de desobecessão num Centro Espírita e levei meu amigo junto. É meio trasch esse tipo de coisa, um sono perturbador apodera-se da gente e dá vontade de voar dali, só não se faz por respeito. E não estou falando mal não, apenas descrevendo os sintomas que invadem meu corpo em cada uma das sessões. Tomamos o passe e fomos para casa, aliás, ficamos pelo caminho, mais especificamente, no Outback.
Sim, decidimos tomar um chopinho (estranho depois de um passe), mas nada demais, nada mesmo, apenas um para desobstruir a desobecessao, e outra, folga é mais diversão que coisa séria (mas veja bem, não estou criticando, mesmo porque não voltaria no Centro se não gostasse, apenas colocando meu ponto de vista de coisas sérias x coisas divertidas).
Ao estacionar nos deparamos com uma cena de filme, encontramos duas malas sobre uma árvore, nossa pirei, e por mim, já abriria ali mesmo, uma grande e outra média de couro legitimo, clássicas, possudas e instigadoras.
Super viajei, me veio tantas coisas a cabeça, dinheiro na cueca, operário que encontra saco de dinheiro e devolve, mendigos que encontram bolsas recheadas de dólares e fazem a boa ação... Será que eu devolveria? Acho que não, as primeiras coisas que pensei, viagem a Paris, Réveillon em Londres, compras em Miami, Investir no ramo imobiliário, ter no mínimo três meses de férias por ano, largar imediatamente meu trabalho e doar os restos a receber para o mais legal da loja...nossa, pirei muito, mas meu amigo convenceu-me de que mexeríamos naquelas malas somente depois do chopinho...e tive que concordar!
O chope que era para ser único, tornou-se triplo, muito bem acompanhado com as tiradas do atendente que não parava de dar sinais de “te quero” para meu amigo, e te tanto que falaram, descobri que Kookaburra, meu petisco preferido de lá, não passa de um pássaro australiano...comido, logicamente, na Austrália.
A koodaburra saiu do meu pensamento e as malas tomaram conta. Estava ansiosa, precisava saber o que guardavam, tinha certeza de que mudaria de vida, porém, meu amigo foi bem mais pessimista, disse que poderia ter coca, craque, uma bomba, qualquer coisa que quebrasse com meu sonho feliz e possível.
Uau, a grande hora estava por chegar, uma palpitação tomou conta do meu peito, no outro dia já viajaria logo pela manhã, sequer levaria malas, compraria novas por lá, bem como, todas novas roupas, calçados, bolsas, jóias...ai ,ai.
Ao aproximarmos do carro, fomos abordados por dois moradores de rua que estavam guardando os carros, e minha decepção foi decepcionante, logo meu amigo foi perguntando se eles sabiam de quem eram aquelas malas, e eles prontamente, disseram que eram deles...Murchei! Minhas duas horas anteriores, cheias de expectativa, planos, planejamentos, euforia, ansiedade vieram por água abaixo...
E ainda tive que aguentar aquele “mendigo debochado” olhar para mim e fazer a seguinte colocação: “...ah, vocês acham que se tivesse dinheiro ai, eu ainda estaria por aqui? Não né...”. E não tirou os olhos sarcásticos sobre mim.
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