Eu, ele, ele e ela

Eu aprendi a odiá-la. Depois de um ano de convivência e vários desencontros comunicacionais, decidi que dali em diante, a odiaria. E foi aí que ela começou a me amar, almoços, jantares, cinemas, teatros, tudo o que estava ao seu alcance, era desculpa para me arrastar, e eu, mesmo a odiando, não conseguia dizer não sempre.
Eu o tinha visto ali, desnudo de nada, de sentimentos, sorrisos, e muito menos de alguma atenção a mim... Mesmo assim, pela primeira vez, peguei um telefone e decidi convidar uma pessoa que só sabia o nome, esse arrancado, depois de um pergunta a princípio inocente...
Bem, eu liguei e recebi sim como resposta, nossa, fiquei ansiosíssima, e nada, nada tirava da minha cabeça que eu tinha que ser a mais linda de todas as “periguetes” que ele já havia ficado. Comprei um belíssimo vestido (caro pacas) e um salto 15, que nunca havia usado, mas eu daria um jeito, eu queria e precisava ser a mais linda, a mais fatal, a mais gostosa, a mais mais.
E eu era. Qualquer um quereria me pegar, estava vestida para matar e deslumbrantemente maravilhosa.
Mas como nem tudo são flores tive a maior decepção também, e tive vontade de matá-lo, ele e a ela.
Quando cheguei ao local combinado, percebi um certo espanto e constrangimento, que logo depois foi auto explicado pela confusão por mim cometida e por “ela” aprontada. ACREDITA que a vaca da guria que decidi odiar, no mesmo dia que peguei o fone dele também pegou e ligou, porém, quando eu fiz o mesmo, ele achou que eu era ela, e aceitou o convite achando que novamente teria outra noite de luxúrias com aquela que anteriormente bêbada derreteu-se e cedeu a todas as artimanhas e encantos dele. Ele aproveitou e deliciou-se dos prazeres da carne d’outra e das facilidades alcoólicas...
Cheguei, ele me olhou de cima a baixo e me disse, você está rechonchuda, mais do aquele dia, quase pirei, ele havia acabado de me chamar de gorda, um grande idiota. Desci do primeiro e único salto 15 posto nos meus pés, arrastei a baiana, dei-lhe um tapa no rosto (adorei), e sai com muita raiva, meu peito pulsava tanto que achei que sairia pela boca.
A “vaca” invejosa, percebendo que eu havia gostado dele, também resolveu gostar e se atirar aos seus braços e não me disse nada. Que ódio! Que papelão, e o pior é que o idiota deve estar se achando... Mas daí pensei, deixe ele com ela, eu fico sem ele. Ele não me merece, ele não merece “ter onde pegar”... deixa-a comigo, vai aprender a respeitar o desrespeito dos outros...

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