Trinta sim, setenta não!

Velho não, nunca fui chegada num vovô e não será agora que meu gosto vai mudar. Senti-me com cinqüenta anos, quando aquele velhote não tirava os olhos de cima de mim, aliás, aqueles, pois o trio se compunha de esvoaçantes fios grisalhos e várias, várias rugas enrustidas naquela pele opaca pela idade. É, não dava para encarar, nem que fosse a última opção da minha vida, mas caridade tem limite!

Trinta sim, setenta não!!! Até tenho pré-disposição em ajudar um velhinho na rua ou me compadecer com suas musculaturas já nem tanto regulares, mas para um beijo na boca ou uma pegada na mão, não!

Estávamos , desfrutando o gosto gelado de uma boemia numa temperatura de oito graus, quando escancaradamente recebo um bilhete, com um letra bonita, garrafal que dizia mais ou menos isso: “...Você é a flor mais deslumbrante desse lugar...”, pensem que meu ego subiu as céus na mesma hora, ruborizei, olhei para os lados e deparei com um para de olhos castanhos atrás de uma armação preta. Fique abismada com a perfeição daquele sorriso, e o quanto aquela boca parecia gostosa.

O coração palpitou e logo pensei, é hoje! Não tem como dizer não para aquele gato e eu, timidamente, comecei a retribuir suas “olhadas”. Logo recebi outro bilhete e a noite parecia uma festa, algo mexia com meus desejos e eu já planejava tudo, deixaria meu carro com minha amiga, pediria para ele me levar, daríamos umas voltas, conversaríamos no próprio carro, tentei lembrar do lingerie que estava usando, se ainda tinha batom na boca, se meu perfume não havia vencido...até que pimba!!! A realidade soprou como o vento frio daquela madrugada gélida.

Sim, os bilhetes eram para mim, é eram do sorriso lindo, porém, antes que ele se propusesse a levantar-se,um senhor idoso de aproximadamente setenta anos, com poucos fios na cabeça,e ainda grisalhos os que teimavam em reinar, de sorriso gentil, mas velho, resolveu pedir licença para trocar algumas palavras comigo. Não acreditei. O sorriso bonito, me olhou, fez um não entender com a cabeça e deixou aquele bar sem olhar para trás.

Quase tive um surto de raiva, mas me comportei e pela primeira vez, consegui ser gentil e delicada com uma situação tão frustrante como aquela, pois o idiota do velhote não parava de falar e de me elogiar.

Fui forte, porque minha intenção era mandar aquele velho se enxergar, mas pelo contrário, fui doce, muito doce, agradeci e felicitei-lhe uma boa noite. Pensativa e com a raiva aflorada dentro de mim, mal cumprimentei o porteiro e em disparada corri para minha cama.

O choque foi tão grande, que até hoje agradeço aquele velho ter aparecido na minha vida, quando cheguei em casa, quem estava lá? Ele, meu amor platônico, com um buquê de rosas vermelhas vestido num terno preto, meu coração palpitou tanto que achei que fosse explodir, eu não estava acreditando, e logo dei Graças a Deus, já pensou se tivesse chegado com o sorriso lindo? Sim, porque se o velho demorasse um pouco mais a levantar-se, eu já estaria com ele, e quem sabe não o teria levado conhecer meu peixe? É... Há males que vem para o bem.

Comentários

Unknown disse…
Vc tem mais sorte que juízo! hehehe... Ótimo texto.
Patrícia Moraes disse…
Ai amiga, que nojo rs rs rs, "tios" de plantão por favor, pega leve é mto difícil para gente ter que ser tão educada..... kkkkkkkk

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