DESABAFO

Ontem me senti tão pobre, que mesmo que eu trabalhasse a vida inteira não teria dinheiro nem para comprar o quintal de onde fui. A deprê bateu bem forte, me senti uma pulga no meio de tanta hostilidade e luxo supérfluo (o qual eu adoraria ser proprietária), mas como disse, nem que fosse a vida inteira...
Era uma festa de aniversário que eu não conhecia ninguém, fui de penetra, além de encher uma bolsa de docinhos no final, serviu para fazer minhas comparações bizarras e aguçar meu sentimento de inveja que imperou meu ser nessa noite. Aliás, estive meio confusa, além de querer apropriar-me daquela mansão linda logo ali no Lago Sul, senti uma vertigem vontade enorme de entrar numa balada sertaneja. NÃO!!! Não se preocupem e não riam (isso pode acontecer com vocês), eu não entrei, consegui recuperar minha postura e fui para casa ler.
Bizarrices a parte, mas como é estranho as barbies de hoje, contemporâneas e cheias de butox, plásticas, silicones... Mulher de 60 com cara de 30 casada com homem de 60 com cara de 70...patricinhas (patriciosas) com seus devidos bombados mauricinhos...e as viúvas-separadas-desquitadas-divorciadas esticadérrimas, soltando grandes investimentos para todos os lados, inclusive aqueles que tem certa idade e aparentam um pouco mais (mas sua conta bancária suporta o trauma da cara feia), e também as pequenas e “inocentes”crianças já sensibilizadas com as dobrinhas nas suas barrigas... Ai não posso agüentar!!! Acho que vou gritar!!! Penso que queria que essas teclas falassem só para elas concordarem comigo, ou me xingarem de vez.
Olhei para todos os lados e não tinha ninguém do meu nível (nem digo nível de renda bancária), digo nível de idade mesmo, pois os que mereceriam serem analisados e degustados em pensamentos, já estavam com suas barbies-patricinhas do lado. Aí fiquei imaginado, qual destas tribos eu me encaixaria melhor, no decorrer da minha “pobre” vida, senti um buraco dentro do meu cérebro, que piscava uma luz vermelha sinalizando que eu não pertencia a nenhuma delas. A preocupação aumentou, porque se tenho trinta e não existem mais pessoas do sexo oposto (e que gostem de mulheres) solteiros, o que seria da minha vida super sedentária, contra a plástica e ao silicone (contra né, desculpa de quem não pode dar-se ao luxo...) e sem participar do grupo social que pode me levar ao status de “Susi” ( tudo bem bem ser ela, era um pouco mais feia que a Barbie, mas tinha mais carnes) , já que não pretendo virar loira e mesmo com mil plásticas, não perderia a avantajada musculatura que envolves uns quilinhos a mais do meu corpo parado. É triste, mas não vejo saída, até se consumida aos pouquinhos por Bruno e Marrone a Vitor e Léo, quem sabe nesse público eu possa envolver-me melodramaticamente e apaixonar-me por alguém que cante no meu ouvido (mesmo que sem ritmo), “...Estou amando, mas ainda não sei quem...”Não, não e não, definitivamente não, além do drama , das fatalidades e do absurdo romantismo, mesmo assim, posso ser trocada.
“Por favor, me dá mais uma caipirinha com cachaça e toca a música daqueles caras que cantam “... “Estou casando, mas o grande amor da minha vida é você...”. Sonhos...!